Por: João de Moura Leal em 05/2014 - Visitas: 2565
Exorcizar o Gado

Vai gado manso
a ruminar o último aboio,
que nem precisa ração
senão um gesto do dono...
vão uivando de córneos iguais
sem distinção, lentos na poeira,
cegos na escuridão
[da vida inteira...
para que vaqueiro?
para que aboio?
se não há mais roteiro;
de separar o trigo do joio;
morre o espectro da justiça,
e, do malhador, reina
[a preguiça!
Amornando as horas
dos que não dirigem o tempo,
apenas se acurralam resignados
ainda que a porteira esteja aberta.
Por qualquer oferta,
por ralhos do dono,
vai gado manso!
Neste chão de pó e beco
no mais, só o chão seco
[até a vida passar!